Câmara de Petrópolis aprova reconhecimento do jongo como patrimônio imaterial do município
A Câmara Municipal de Petrópolis aprovou, nesta quarta-feira (16), o Projeto de Lei de autoria da vereadora Júlia Casamasso que institui oficialmente o jongo como patrimônio cultural imaterial do município.
Manifestação de origem afro-brasileira, o jongo reúne dança, música, canto e poesia, e tem suas raízes nas comunidades quilombolas do sudeste do Brasil, especialmente entre os povos de língua bantu. Já declarado patrimônio imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, o jongo é também reconhecido em municípios do Rio de Janeiro e de São Paulo por seu valor histórico e simbólico.
“O reconhecimento do jongo como patrimônio imaterial de Petrópolis permitirá ao poder público e às entidades culturais desenvolverem políticas e ações concretas para o incentivo, difusão e fortalecimento dessa manifestação, envolvendo a comunidade e preservando sua memória como parte integrante da história da cidade”, afirma a vereadora Júlia Casamasso.
A proposta surgiu a partir de uma sugestão da produtora cultural Monica Valverde, presidente do Grupo Afro Serra, apresentada durante a semana do PL popular — iniciativa do mandato da parlamentar que abriu o gabinete para receber ideias legislativas diretamente da população. Ao longo de três meses, foram realizados encontros abertos para que cidadãos pudessem apresentar propostas, conhecer o funcionamento da Câmara e aprender como protocolar projetos de lei.
Além do reconhecimento como patrimônio, o projeto também institui o Dia Municipal do Jongo, a ser comemorado em 16 de outubro — data que homenageia o nascimento do petropolitano Jamil Sidney Lopes Neves, o Mestre Gogó de Ouro. Jongueiro, capoeirista, sambista, percussionista e líder religioso, Gogó de Ouro foi uma das principais vozes na valorização das tradições afro-diaspóricas em Petrópolis e na defesa da cultura negra na região serrana.
A lei ainda cria a Semana Municipal do Jongo, com atividades culturais e educativas como rodas de jongo, oficinas, palestras, exposições e circuitos de conversas. As ações visam resgatar a memória do jongo no sudeste brasileiro, promover a inclusão social e fortalecer a identidade cultural afro-brasileira no município.
Em Petrópolis, onde cerca de 41% da população se autodeclara negra, o jongo representa resistência, ancestralidade e pertencimento. Para Júlia Casamasso, o reconhecimento da manifestação é também um ato de reparação.
“A história da cidade é marcada por um processo de apagamento cultural da população negra, especialmente a partir do final do século XIX. Esta iniciativa busca reparar parte dessa dívida histórica e garantir ao jongo o espaço que merece na cena cultural petropolitana”, conclui a vereadora.
A proposta segue agora para apreciação do Poder Executivo.