Câmara aprova denominação da Estrada da Tapera: independência e dignidade à única comunidade remanescente do quilombo em Petrópolis

por yasmim.grijo — publicado 28/09/2022 18h59, última modificação 28/09/2022 18h59

O Quilombo da Tapera, única comunidade quilombola remanescente em Petrópolis, terá endereço oficial, em ação inédita do presidente da Câmara Municipal, vereador Hingo Hammes que visa garantir os direitos dos moradores da região. O Projeto de Lei 4552/2022, que é de autoria do vereador e garante a denominação da Estrada da Tapera, no Vale da Boa Esperança, foi aprovado na sessão desta quarta-feira (28) na Câmara Municipal e será, agora, encaminhado ao Poder Executivo para sanção.

Durante anos, a falta de denominação oficial da rua que dá acesso às casas gerou transtornos aos moradores, que muitas vezes não recebiam cartas e encomendas destinadas à comunidade. Com a formalização do nome da rua, o endereço terá CEP, beneficiando diretamente as quase 70 pessoas que vivem na região.

“Durante uma reunião, o Procurador da República Charles Stevan da Mota Pessoa nos apresentou o problema e nos comprometemos a trabalhar para garantir a denominação da via. Nos reunimos com a comunidade, que se mobilizou para fazer a solicitação por meio de abaixo assinado. Cumprimos todo o rito legal e, agora, com o apoio dos demais vereadores, conseguimos a aprovação do projeto. É uma enorme conquista dos moradores, que garante independência e dignidade a quem vive na comunidade. Estamos falando de exercício da cidadania”, frisou o vereador Hingo Hammes, lembrando que a medida abre caminho para melhorias na iluminação pública, no transporte e também para criação, por exemplo, de uma área de lazer.

A Estrada da Tapera terá início na Estrada Manoel Paulo de Oliveira Botelho, na altura do número 2001 (Sítio Fazendinha), no Vale da Boa Esperança-Itaipava, com aproximadamente 3 quilômetros de extensão.

O Quilombo da Tapera existe há mais de 100 anos e foi reconhecido oficialmente pela Fundação Palmares há cerca de dez anos. Cercado por montanhas e em cenário preservado, a comunidade é a única remanescente de escravos da Região Serrana do Rio de Janeiro.